A adolescência é uma fase marcada por intensas transformações físicas, emocionais e sociais. Para os jovens com Transtorno do Espectro Autista (TEA), esses desafios se tornam ainda mais complexos. A necessidade de socializar, desenvolver autonomia e lidar com mudanças no corpo e na rotina pode gerar insegurança, ansiedade e até isolamento, especialmente quando não há e adequado da família, da escola e da rede de saúde, segundo a psicóloga Daniela Landim.
De acordo com a especialista, primeira brasileira certificada com QBA (qualified behavior analyst) e coordenadora da Versania Cuidado Infantil, em São Paulo, as dificuldades enfrentadas por adolescentes autistas variam de acordo com cada indivíduo, mas costumam envolver questões como a interação social, interpretação das regras sociais, manutenção de conversas sobre temas diversos e saída de seus hiperfocos, que são pontos que costumam gerar dificuldades. “Também há desafios no desenvolvimento da independência, como tomar decisões e se organizar, além de dificuldades naturais relacionadas às mudanças físicas da adolescência”, ressalta.
A psicóloga explica que, diferentemente da infância, a adolescência impõe novas e maiores demandas sociais e emocionais. “A gente pode ver mais ansiedade, depressão, isolamento e dificuldade em lidar com essa fase de forma geral”, afirma. No ambiente escolar, segundo ela, os desafios são ainda maiores: “A maioria das escolas não está preparada para atender adolescentes autistas. Falta capacitação da equipe, e muitas vezes não há adaptações de conteúdo ou ambiente necessárias para a inclusão”, lamenta.
Em meio a esse cenário, Daniela dá exemplos concretos: “Se um adolescente autista tem dificuldade para permanecer sentado durante toda a aula, que tipo de adaptação será feita para que ele participe das atividades? Ou se ele tem sensibilidade ao som, como interagir com os colegas no intervalo, quando há muito barulho" />